1% MAIS RICOS DO MUNDO DETÊM MAIS DO DOBRO DE 6,9 BILHÕES DE PESSOAS, APONTA ONG

A parcela dos 1% mais ricos do mundo detêm mais do dobro da riqueza possuída por 6,9 bilhões de pessoas, segundo relatório global divulgado neste domingo (19) pela Organização Não Governamental Oxfam.

De acordo com o estudo, os bilionários do mundo, que somavam apenas 2.153 indivíduos no ano passado, detinham mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas – o equivalente a cerca de 60% da população mundial. Em 2018, o número de bilionários era pouco menor: 2.208 pessoas.

O relatório "Tempo de Cuidar", lançado às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos, aponta ainda que apenas 22 homens detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem na África.

Economias sexistas

 

O levantamento aponta ainda que a pobreza afeta mais intensamente as mulheres que os homens. Em todo o mundo, eles detêm 50% mais riqueza que elas. E também mais poder político: mulheres são em média apenas 18% de todos os ministros de governo do mundo, e 24% dos parlamentares.

 

"Nosso sistema econômico foi construído por homens ricos e poderosos, que continuam a ditar as regras e a ficar com a maior parte dos benefícios", aponta o relatório.

 

Situação que, segundo a Oxfam, é reflexo de uma presença muito mais acentuada das mulheres em trabalhos não remunerados. No mundo, elas fazem mais de 75% de todo o trabalho de cuidado sem remuneração.

"Frequentemente elas trabalham menos horas em seus empregos ou tem que abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado. Em todo mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego porque são responsáveis por todo o trabalho de cuidado – entre os homens, esse percentual é de apenas 6%".

As mulheres também são maioria na força remunerada de trabalho de cuidado, em geral de menor remuneração, como enfermeiras, faxineiras, trabalhadoras domésticas e cuidadoras.

 

“Milhões de mulheres e meninas passam boa parte de suas vidas fazendo trabalho doméstico e de cuidado, sem remuneração e sem acesso a serviços públicos que possam ajudá-las nessas tarefas tão importantes”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

 

A Oxfam calcula que, caso todo o trabalho não remunerado de cuidado exercido por mulheres a partir de 15 anos fosse contabilizado, seu valor monetário global seria de US$ 10,8 trilhões por ano – três vezes o estimado para todo o setor global de tecnologia.

O problema, estima a entidade, deve se agravar na próxima década conforme a população mundial aumenta e envelhece. "Estima-se que 2,3 bilhões de pessoas vão precisar de cuidado em 2030 – um aumento de 200 milhões desde 2015. No Brasil, em 2050, serão cerca de 77 milhões de pessoas a depender de cuidado (pouco mais de um terço da população estimada) entre idosos e crianças, segundo dados do IBGE".

Fonte: G1

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